ATA DA SEPTUAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 29.06.1988.
Aos vinte e nove dias do mês de junho do ano de mil novecentos e
oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porte Alegre, em sua Septuagésima Sessão Ordinária da Sexta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos
foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu,
Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da
Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Elói Guimarães, Ennio Terra, Flávio
Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques
Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José,
Nei Lima, Nereu D'Ávila, Nilton Comin, Paulo Sant'Ana, Rafael Santos, Raul
Casa, Teresinha Irigaray, Valdir Fraga, Werner Becker e Wilton Araújo.
Constatada a existência de quórum, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos
e solicitou ao Ver. Jorge Goularte que procedesse à leitura de trecho da
Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à 1eitura da Ata da Sexagésima Nona
Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Caio
Lustosa, 02 Pedidos de Providências, solicitando recuperação da murada da ponte
sobre o Arroio Dilúvio, na esquina das Avenidas Ipiranga e Getúlio Vargas, e
realização de estudos para colocação de sinaleiras, uma para fluxo de
automóveis na esquina da Av. Protásio Alves com a Rua Dr. Alberto Viana Rosa e
outra para pedestres um pouco adiante, em frente à Escola Estadual Professor
Alcides Cunha; pelo Ver. Frederico Barbosa, 01 Pedido de Providências,
solicitando colocação de um abrigo na parada de ônibus localizada na Av. Gastão
Haslccher Mazeron, em frente ao n.º 109; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de
Providências, solicitando que seja alterado o itinerário e reduzido o intervalo
do horário de largada da Linha 28 - Higienópolis, bem como examinadas as
condições de funcionamento dos veículos. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs
345, 347, 355, 358, 359, 360/88, do Sr. Prefeito Municipal. A seguir, foi
aprovado Requerimento verbal do Ver. Jorge Goularte, solicitando a inversão dos
trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em DISCUSSÃO PRELIMINAR, estiveram;
em 2ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 87/88, discutido pelo Ver.
Hermes Dutra; 98/88; Projeto de Resolução n.º 23/88; em 3ª Sessão, Projetos de
Lei do Legislativo nºs 96; 97; 89; 91/88, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; 46:
86; 92/88,discutido pela Verª Teresinha Irigaray; 93; 94/88; Projetos de
Resolução nºs 13; 21; 24/88; Projeto de Lei do Executivo n.º 35/88. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Casa falou sobre a interdição feita no
ambulatório da casa, comentando os problemas que a mesma acarreta, já que não
tem sido possível oferecer um adequado atendimento aos Vereadores e
funcionários deste Legislativo. Solicitou providências a respeito, ser a época
atual propícia para doenças pulmonares e resultantes do excesso de umidade
observado neste prédio. O Ver. Flávio Coulon criticou a colocação, pela SMT, de
placa proibindo retorno em canteiro localizado frente à Estação de Bombeiros
dos Açorianos. Leu material publicitário distribuído pela Cia. Carris Porto-Alegrense,
em face do transcurso dos cento e dezesseis anos de fundação daquela Companhia.
O Ver. Antonio Hohlfeldt registrou telegrama recebido de representantes do
magistério municipal, que agradecem o apoio dado à Emenda do Ver. Hermes Dutra
aposta ao Projeto de Lei do Executivo n.º 28/ 88, a qual refere-se à situação dos professores e funcionários
atualmente lotados na Secretaria Municipal de Cultura. Discorreu acerca de ação
judicial impetrada pelo Estado contra o Município e este Legislativo, com
relação ao Projeto Praia do Guaíba. E o Ver. Rafael Santos falou sobre
avaliação realizada ontem à tarde, na Casa, acerca do Programa "Câmara: e
Comunidade", congratulando-se com o Presidente deste Legislativo pela
iniciativa de organizar tal programa, possibilitando um maior contato entre a
população porto-alegrense e esta Casa. A seguir, constatada a existência 'de
quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após, o Sr. Secretário apregoou Emenda de
Líder de autoria do Ver. Hermes Outra, aposta ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n.º
07/88. Em
Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 07/88 que, após ter sido
discutido pelos Vereadores Hermes Dutra, Elói Guimarães, Flávio Coulon, Nei
Lima e Nereu D'Ávila, deixou de ser votado em face da inexistência de quórum.
Durante es trabalhos, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, de
professores, pais e alunos da Escola de 1º Grau Uruguai do Ver. Firmino Teixeira, de Cachoeirinha e do Dr. Carlos
Alberto Peterssen, Diretor do DMAE. Às dezesseis horas e quarenta e sete
minutos, foi realizada uma nova verificação de quórum, registrando-se as
presenças dos Vereadores Cleom Guatimozim, Elói Guimarães, Flávio Coulon,
Ignácio Neis, Hermes Dutra, Jaques Machado, .Jorge Goularte, Lauro Hagemann,
Luiz Braz., .Nei Lima, Nereu D 'Ávila e Wilton Araújo. Constatada a
inexistência de quórum, o Sr Presidente levantou os trabalhos nos termos do
parágrafo único do art. 71 do Regimento Interno, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Lauro Hagemann e Jorge
Goularte, o último nos termos do § 3º do art. 11 do Regimento
Interno, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Valdir Fraga, o
último como Secretário "ad hoc". Do que eu, Lauro Hagemann, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. JORGE GOULARTE: Para um Requerimento, Sr.
Presidente. (Assentimento da Presidência.) Requeiro a inversão da ordem dos
trabalhos, passando-se primeiro à Pauta e, posteriormente, à Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE (Lauro
Hagemann):
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam, permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos, portanto, à
2ª SESSÃO
PROC. 1129/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 87/88, do Ver. Nereu D'Avila, que dispõe sobre a locação de imóveis com finalidades comerciais, industriais e de prestação de serviços e dá outras providências.
PROC. 1131/88 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 23/88, do Ver. Clóvis Brum, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Mario Cardoso Jarros.
PROC. 1243/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 98/88, do Ver. Nilton Comin, que declara de utilidade pública a Sociedade Legião Espírita.
3ª SESSÃO
PROC. 1236/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 96/88, do Ver. Frederico Barbosa, que denomina Avenida Leopoldo Geyer um logradouro público.
PROC. 1237/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 97/88, do Ver. Ennio Terra, que denomina Praça Jardim das Oliveiras um logradouro público.
PROC. 1242/88 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 13/88, do Ver. Hermes Dutra, que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Norma Medeiros.
PROC. 1245/88 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 35/88, que cria cargos de provimento efetivo no Serviço Público Centralizado do Município e dá outras providências.
PROC. 1146/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 89/88, do Ver. Flávio Coulon, que obriga o Município ou as empresas permissionárias ou concessionárias do serviço de transporte coletivo público do Município a comercializarem passagens antecipadamente.
PROC. 1165/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 91/88, da Verª Teresinha Irigaray, que dispõe sobre cadastramento de motorista de táxis, cursos de primeiros socorros, turismo e urbanismo e prestação de socorro a vítima de acidentes.
PROC. 0827/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 46/88, do Ver. Ennio Terra, que denomina Praça Universíade um logradouro público.
PROC. 1117/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 86/88, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua Fernando Corona um logradouro público.
PROC. 1168/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 92/88, da Verª Teresinha Irigaray, que dispõe sobre a criação do Corpo de Baile Municipal na Cidade de Porto Alegre.
PROC. 1179/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 93/88, do Ver. Hermes Dutra, que acrescenta disposição ao. parágrafo único do artigo l.º, da Lei n.º 5624, de 18 de setembro de 1985, que "estabelece a isenção do pagamento de tarifas de transporte coletivo do Município de Porto Alegre para pessoas de mais de 60 anos e dá outras providências”.
PROC. 1187/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 94/88, da Verª Bernadete Vidal, que dá nova redação ao parágrafo 1º do artigo 2º, da Lei n.º 5456, de 23 de outubro de 1984.
PROC. 1098/88 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 21/88, da Verª Bernadete Vidal, que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Sra. Adolfina Quaresma da Silva.
PROC. 1152/88 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 24/88, da Verª Bernadete Vidal, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Waldim de Lima.
O SR. PRESIDENTE: Estão inscritos para a
discussão da Pauta os Vereadores Jorge Goularte, que desiste; o Ver. Flávio
Coulon, que desiste; Ver. Valdir Fraga, que desiste, e a Verª Teresinha
Irigaray.
Verª Teresinha Irigaray, V. Exa. tem os dez minutos regimentais.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Em Pauta da 3a. Sessão, projeto desta Vereadora que dispõe sobre a
criação do Corpo de Baile Municipal da cidade de Porto Alegre. Já falamos em
outras oportunidades e até advertimos e pedimos providências pois o prazo é
extremamente curto que dispúnhamos apenas seis meses para que fosse efetivada e
viabilizada na cidade de Porto Alegre algo que foi requerido e pedido e vem
sendo movimentado pelas academias de balet da cidade, algo polêmico que foi
inclusive prometido por administrações anteriores e a atual, que é a criação do
corpo de baile do Município.
Todos nós sabemos e todos nós acreditamos porque é especifico e
estatisticamente comprovado que Porto Alegre é hoje, seguramente, o terceiro
polo cultural do País e Porto Alegre sendo este terceiro polo é evidente que
tem que apresentar as características que norteiam as grandes capitais a
exemplo do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Recife. Seguramente não
apresentou até hoje em matéria de cultura algo demonstrasse que a população
gaúcha está preocupada com a arte e a cultura que é uma das temáticas que
norteia, inclusive, a atual administração do Prefeito da Cidade.
Quero saudar, neste momento, a presença, no Plenário, do Jornalista
Políbio Braga, Secretário da SMIC, nosso correligionário, pelo qual tenho
imensa amizade e grande carinho. Saúdo V. Exa., Sr. Secretário, e digo que V.
Exa. está em sua casa.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que me leva a fazer a
proposição da formação do Corpo de Baile Municipal, é que existem, em Porto
Alegre, várias escolas, várias academias de balé, que formam quantidade de
moços e de moças que, não dispondo de mercado de trabalho, buscam em outras
capitais a sua realização profissional e a sua realização na carreira
artística. A criação de um Corpo de Baile Municipal abrirá, inclusive, novas
perspectivas de trabalho para os egressos dessas escolas que poderão mostrar a
sua arte, a sua eficiência e a sua qualificação. Afora tudo isso que foi dito,
a criação do Corpo de Baile Municipal vai projetar a Cidade de Porto Alegre nos
meios artísticos e culturais de todo País. Estamos com a nossa Secretaria de
Cultura criada que tem à frente a figura simpática, inteligente e brilhante do
Prof. Joaquim Felizardo e tenho certeza de que o Sr. Secretário vai entender
essa nossa proposição, que é simples. Será, primeiramente, formado, o Corpo de
Baile Municipal, dos próprios funcionários da Prefeitura, da Secretaria de
Cultura, da Secretaria de Educação, professores formados em coreografia,
professores formados em Educação Física, aqueles professores que estão lotados
nos centros comunitários, ligados à SESC e, portanto, não vai onerar o
Município. Mas, é um Projeto modesto ainda para Porto Alegre e esperamos que
seja acolhido pelo Sr. Secretário da Cultura, que seja acolhido pelo Sr.
Prefeito Municipal, que o Dr. Alceu Collares, que se propôs, na sua campanha
eleitoral, a criar a Secretaria de Cultura, com toda sua abrangência, tenha a
sensibilidade de acolher esse Projeto, que poderá não estar perfeito, não estar
acabado, ser deficiente mas, pelo menos, é um caminho. O Ver. Mano José, que
foi Secretário de Educação do Município, sabe realmente a falta que faz um
conjunto cultural, um corpo de baile que projete a Cidade de Porto Alegre no
meio artístico de todo o País. Porto Alegre merece isto, e por merecer é que
nós estamos pedindo que este Projeto seja aprovado pelo Sr. Prefeito Municipal.
Que seja criado na Cidade de Porto Alegre o seu corpo de baile! Era isto, Sr.
Presidente.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero fazer um apelo, antes de entrar no assunto da Pauta, aos
líderes desta Casa, sobre um Projeto que vamos votar logo em seguida, que é a
mudança do cálculo da tarifa da água. Está-se vendo que o PDT vai usar a
estratégia de não dar quórum, não sei por quê. Não sei com que alegação.
Então, quero fazer um apelo aos Srs. Líderes, porque se precisa de 17
votos favoráveis. É um projeto de Lei Complementar.
Por isso que, não inscrito na Pauta, me inscrevo para falar na
esperança de que os prezados companheiros cheguem até o momento da votação.
Há um projeto de lei de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que corre hoje a
1ª Pauta. Esse tipo de projetos apresentados por ex-secretários que voltam à
Câmara, na verdade representam, na maioria das vezes, situações que eles
encontraram e que não conseguiram resolver, então tentam, através da Lei,
acertar essas questões, para que não haja mais aquelas dificuldades que eles
enfrentaram. O Ver. Nereu D'Avila se refere aqui: (Lê a Justificativa)
Em primeiro lugar, eu acho altamente meritório o Projeto do Nobre Ver.
Nereu D'Ávila, agora eu tenho algumas dúvidas. Primeiro é quanto a legalidade
do Mesmo. Segundo, se nós não estamos com isso criando mais um entrave
burocrático. Porque, vejam bem, se alguém é proprietário de um imóvel e quer
alugar para uma pessoa, só poderá fazê-lo mediante esse boletim de zoneamento
fornecido pela SMIC. Será que estará à disposição. Será que se conseguirá com
facilidade? Será que estará à disposição em tempo hábil para o locador e o
locatário? Porque, muitas vezes, esses negócios precisam ser fechados com
rapidez. Então, eu acho que é um Projeto que efetivamente temos de avaliá-lo
com o devido cuidado.
Também quero-me referir aqui ao Projeto da Verª Teresinha Irigaray.
Pediria a atenção de V. Exa., pois, como estava envolvido com algumas questões,
não pude ouvir seu discurso. Em primeiro lugar eu queria estranhar por que o
seu Projeto que dispõe sobre cadastramento de motoristas de táxi, cursos de
primeiros socorros, turismo e urbanismo e prestação de socorros à vitimas em
acidentes, só agora corre Pauta. Está em terceira sessão. Veja V. Exa. que eu
apresentei um Projeto depois do seu, andou pelas Comissões, já foi votado e
aprovado e o de V. Exa. recém está correndo a terceira Pauta. Efetivamente,
acho que é uma outra questão que também temos que analisar com o devido
cuidado.
(Vários apartes paralelos.)
O PDT não tem interesse em cumprir a Ordem do Dia. Está retirando o
quórum da Casa para evitar, obviamente, a votação do Projeto que muda o cálculo
da tarifa d'água. Isto é óbvio. Até há pouco, estavam aqui vários Vereadores do
PDT, agora só está o nobre Vereador Valdir Fraga. Então, eu estou aqui me
desmilingüindo, tentando falar de Projetos que nem conheço, para ver se o tempo
passa, enquanto o interesse público fica jogado aonde? Acho que nós temos certa
responsabilidade para com o povo. Ouço o Ver. Valdir Fraga a quem, obviamente,
não foi dirigida a reclamação.
O Sr. Valdir Fraga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Fui um dos primeiros a chegar na Casa, não faço mais
do que a minha obrigação, secretariei os trabalhos. Lemos rapidamente a Ata,
fizemos também rapidamente a chamada, mas é costume na Casa, de repente, um
Vereador dar uma saidinha.
O SR. HERMES DUTRA: Interrompendo o seu aparte,
eu devo dizer que a Bancada do PDT, estranhamente, se retirou após a chegada do
Diretor do DMAE. É uma coincidência, decerto, mas, sem a Bancada do PDT, nós
corremos o risco de não termos o quórum para a Ordem do Dia e, em conseqüência,
a Sessão ser encerrada. Para hoje à noite, recebi um convite de urna associação
de moradores da Vila Restinga, para tratar deste assunto. O que eu vou dizer
lá, quando falarem dos Vereadores? Na outra vez falaram dos Vereadores e eu
defendi. Disse que tinham cometido um erro, que era aceitável, que errar todo
mundo erra. Agora, o que eu vou dizer; hoje? Peço que V. Exa. me ajude a
encontrar argumentos, para dizer lá na Vila Restinga.
O Sr. Valdir Fraga: Eu gostaria que V. Exa.
dissesse que os Vereadores que estavam em Plenário, inclusive aqueles que
responderam a chamada, que, na hora da votação, não estavam. V. Exa. deve dar
exatamente o nome dos Vereadores. É a sugestão que eu faço.
O SR. HERMES DUTRA: Eu agradeço o aparte de V.
Exa. e encerro o meu pronunciamento, Sr. Presidente, esperando que haja quórum
para a Ordem do Dia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança. Com a
palavra o Líder do PFL, Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, há nesta Casa um certo clima de constrangimento a partir do momento
em que o Ambulatório, desta, Casa sofreu uma interdição e está lacrado.
Constrangimento oriundo da inibição, do constrangimento daqueles que buscam o
atendimento médico e se deparam com uma porta lacrada, com uma placa de
interditado.
Evidentemente, que, a interdição pelos motivos alegados, nos merece
todo respeito e acatamento, até que se esclareçam os motivos que fizeram com
que a enfermeira, daquela área de atendimento, fosse vítima de uma intoxicação.
O que não pode acontecer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é esta Casa ficar
sem atendimento médico, numa época em que os problemas broncopulmonares mais
incidem, com as condições de umidade desta Casa, é inadmissível que, mesmo de
forma precária, não haja, na Casa, um atendimento médico, ou um local designado
pela direção da Casa, pela Mesa, mesmo em outra área, para se atender os casos
corriqueiros.
Não vou, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entrar no mérito deste
assunto, mas é inquestionável que a falha é grave e que a solução precisa ser
dada hoje, porque não aceitamos a interdição, sem que haja, concomitantemente,
a proposta de uma solução. É de se observar a busca ao atendimento médico dos
nossos clínicos, todos eles excelentes, amigos pessoais de todos nós, e que não
encontram, ali, sequer urna resposta adequada de aonde podem alguém desta Casa,
quer funcionário, quer Vereador, se socorrer. Uso o tempo de Liderança, porque
nós queremos fazer um apelo à Direção da Casa, a quem de direito, no sentido de
que vejamos imediatamente sanada esta falha. Tudo bem. A interdição deve ter lá
as suas razões. O que não pode ocorrer é o corpo de funcionários e de
Vereadores ficarem absolutamente desassistidos, como ocorre atualmente. Por
isto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu mais urna vez quero ressaltar a
importância de uma solução para este problema, imediatamente, que haja um
pronunciamento da área responsável para que os funcionários e os Vereadores
saibam onde se dirigir em busca de atendimento num momento em que as doenças,
repito, típicas desta época do ano, atingem grande número de pessoas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Flávio Coulon, em Tempo de Liderança.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Não é assunto da minha intervenção de Liderança, mas não posso
deixar de colocar, para começar, aqui, a última novidade apresentada pela
Secretaria Municipal de Transportes. Até tenho que comentar, mais uma vez, a
Administração Collares, e cumprimentá-la. Eles conseguiram aqui, na Estação de
Bombeiros dos Açorianos, fazer um retorno de automóveis proibido. O canteiro
está secionado justamente para as pessoas fazerem o retorno, o canteiro existe
para fazer o retorno: quem vem da Zona Sul para entrar na Antônio de Carvalho,
de quem vai daqui, que queira entrar na Borges de Medeiros. A SMT conseguiu
transformar o retorno em retorno proibido. Passem lá, meus amigos: tem uma
placa; e estamos sendo multados. Fechou o canteiro aberto, para que os
bombeiros saiam uma vez por mês os bombeiros e agora ficou privativo dos
bombeiros. Deve ser a nova administração da SMT. É uma pena que o Ver. Elói
Guimarães não esteja aí. Acho que esta é a nova administração da SMT. Em todo o
caso, fica aqui a estupefação da sociedade porto-alegrense. Nunca vi isso - um
retorno que se tornou proibido.
Mas meu pronunciamento hoje é dedicado. ao Dr. Renato D'Arrigo,
Presidente da Carris.
(Lê.) "Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Levando em conta que a
Bancada do PDT, a quem caberia falar sobre o assunto, silenciou totalmente, vou
fazer as vezes de Vereador governista e falar sobre o aniversário da Carris,
ocorrido dia 19 de junho de 1988, quando comp1etou 116 anos."
Aliás, forneci este discurso a todos Vereadores do PDT, mas nenhum se
pronunciou.
“Ao se evocar esse aniversário, é bom lembrar um pouco da hist6ria da
Carris, que é um pouco a história da nossa cidade.
Como já disse o historiador Sérgio da Costa Franco “é impossível contar
a história da urbanização de Porto Alegre, sem contar um pouco da história da
Companhia Carris Porto Alegrense. Uma e outra se entrosam como organismos em
simbiose".
A Carris, no entanto, não foi somente uma empresa que acompanhou de
perto o crescimento urbano da cidade de Porto Alegre. Ela fez parte da vida da
cidade, acompanhando seus movimentos sociais e trabalhistas. Seu sindicato foi
o mais forte do Rio Grande do Sul que, além das lutas reivindicatórias, atuou
decisivamente no cenário político.
A Companhia Carris Porto Alegrense teve seu estatuto original aprovado
pela Assembléia Geral dos Acionistas em 13 de maio de 1872 e sua criação
deve-se a um decreto do Imperador D. Pedro II, de 19 de junho do mesmo ano. Sua
primeira linha de transporte de passageiros foi a linha do Arraial do Menino
Deus, inaugurada a 4 de janeiro de 1873.
Desde sua criação a Companhia enfrentou períodos marcados por greves,
não pagamento de dividendos e déficit acumulados ano após ano.
Primeiro foram os bondes puxados por animais, depois os bondes
elétricos - quem de gerações passadas não tem uma lembrança afetiva do bonde? -
os trólei e, finalmente, os modernos ônibus a diesel.
Hoje a Carris é a empresa com a frota mais nova da capital graças à
renovação de 50%, com a aquisição de 100 ônibus novos. A idade média dos ônibus
da Companhia é de apenas 4 anos, enquanto a média do sistema em Porto Alegre é
de 8 anos, elevando o índice de regularidade a 98%.
A partir de 1986 a empresa vem tendo um crescimento muito expressivo no
transporte de passageiros. E isso não tem ocorrido com uma linha isoladamente,
mas em quase todos os itinerários.
Para se ter uma idéia deste crescimento, comparamos os índices de hoje
com os de 1985 e mostramos um incremento de 30%, bem mais do que o crescimento
vegetativo da cidade.
No mês de maio passado, a Carris estabeleceu um novo recorde de
passageiros transportados, 251 mil em um só dia, superando todas as marcas
desde o final dos bondes.
A implantação do sistema de co-gestão trouxe a participação efetiva dos
funcionários na condução da empresa. Além disso, objetivando a humanização do
tratamento dedicado aos passageiros e um maior rendimento por função, a
Companhia investe na qualificação de seus funcionários, mantendo cursos de
treinamento e reciclagem para motoristas e cobradores.
Por tudo isso, não só a Administração Alceu Collares, a presidência e
os funcionários da Companhia estão de parabéns neste dia de aniversário, mas
todo o povo de Porto Alegre, pois a Carris é propriedade deste povo”. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com a Bancada do
PT, Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, gostaria de registar aqui, com muita satisfação,
o telegrama de agradecimento, que aliás não deve ter sido dirigido apenas a
mim, mas creio à maioria absoluta ou a todos os Vereadores desta Casa, por
parte dos professores, funcionários da Secretaria Municipal de Educação e Cultura
do Município, pelo apoio e pela aprovação que demos a Emenda do Ver. Hermes
Dutra, que busca garantir as suas permanências com os direitos e com os deveres
dentro da .Secretaria de Cultura até o momento em que se forme o quadro e
possibilite a eles de fazer a opção entre o quadro de professores agora criado
e o trabalho de técnico cientifico na área de cultura. A Emenda do Ver. Hermes
Dutra, que eu também assinaria, porque era uma das idéias que estávamos
encaminhando, e o Ver. Hermes Dutra se antecipou e nós fechamos com esta Emenda
é exatamente dar um espaço, um tempo para que se viabilize. Estes professores,
um dos quais vamos, inclusive, homenagear amanhã, Prof. Arines Ibias, Diretor
de teatro, inclusive me contava que estiveram com o Prefeito Collares e o
Prefeito garantiu que estava preocupado em não prejudicar esses funcionários e
respeitar os seus direitos. De maneira que eu espero que entre os Vetos apostos
pelo Prefeito ao Projeto aprovado aqui na Casa não conste essa Emenda do Ver.
Hermes Dutra que, ao contrário, é uma contribuição da Casa à Administração, não
do Prefeito Collares apenas, mas à Administração como um todo, já que como nós,
os Prefeitos passam mas a Administração Pública e as Secretarias devem
continuar.
O segundo tema a que eu queria me reportar é a respeito do protesto
judicial apresentado pelo Ex.mo Sr. Procurador do Estado, Dr. Manoel André da
Rocha, com à Dra. Sílvia La Porta que, aliás, nós conhecemos muito bem, pelo
seu trabalho exemplar e respeitável em defesa das populações carentes. A Dra.
Sílvia inclusive integrou, durante muito tempo, na Procuradoria, o serviço de
defesa de vileiros, onde se buscava evitar despejos, eventualmente patrocinados
pela Justiça. Pois, ontem ouvimos, aqui, uma série de manifestações, do próprio
Presidente da Casa, na condição, creio eu, apenas de Vereador, do Ver. Werner
Becker e de outros Vereadores em torno do assunto. Eu não sou jurista, não sou
advogado, pedi uma orientação a minha assessoria sobre o tema e queria dizer
aos Srs. que posso, hoje, aqui, muito tranqüilamente, ratificar a posição que
assumi em nível de primeira impressão, há alguns dias, quando uma jornalista me
interrogava a respeito do assunto. Acho que Procurador do Estado cumpriu com o
seu papel e o seu dever. Eu não quero entrar no mérito final da ação da
questão, embora pessoalmente todos saibam que eu próprio já havia levantado
essa questão, orientado pela minha assessoria jurídica. Nós entendíamos que o
Prefeito Collares não podia legislar sobre áreas que não pertencem ao Município,
ou que, no mínimo, estão incluídas num convênio, num acordo, pelo qual existe
uma destinação de uso específica e que não poderia ser ultrapassado pelo
Prefeitura Municipal, o que é feito, na prática, através da proposta do Projeto
Praia do Guaíba. No caso da documentação apresentada pelo Estado, é bom que se
frise, não entendo, e não entendeu a minha assessoria jurídica, como uma
pressão a esta Casa, como um todo, com os Vereadores, é apenas um protesto
judicial e um registro, caso o projeto venha a ser aprovado o Procurador
estudará medidas cabíveis para inviabilizá-lo juridicamente. Eu diria que é uma
espécie de aviso prévio que a Procuradoria do Estado faz ao Município de Porto
Alegre. Diria melhor, ao Poder Municipal de Porto Alegre, através de seus dois
poderes, o Executivo, representado pelo Sr. Prefeito, o Legislativo, que é o
conjunto dos seus 33 Vereadores, representado, no entanto, legalmente, pelo
Ver. Brochado da Rocha. Não é, portanto, uma ação específica, nominal, contra o
Cidadão Alceu Collares, ou contra o Cidadão Brochado da Rocha. É sim uma ação
contra o Município nos seus poderes, Executivo e Legislativo. E como um alerta,
entende a Procuradoria, que a decisão da privatização de áreas proposta através
dos convênios existentes, é uma medida ilegal. E dá alerta, apresenta o alerta,
no caso, a nós Vereadores. Porque caso nós, Vereadores, venhamos a votar
positivamente este projeto, correremos o risco, então sim, de sofrer a ação
popular que o próprio Estado, ou qualquer cidadão poderá ajuizar.
Diga-se de passagem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, concluo, acho
que no meu entendimento não há nenhum atropelo de poder. Há, pelo contrário, o
Procurador, e o Executivo Estadual, buscaram o Judiciário para alertar um
Legislativo Municipal. Nós estamos em plena liberdade de votar. No meu caso
pessoal a posição do procurador é a mesma posição que eu já trazia a esta Casa,
a este Plenário há mais de três meses quando fizemos seminário sobre a Praia do
Guaíba. Indagava ao Dr. Manoel da Rocha qual a visão dele. E ele fechava com
esta posição. O que ele faz agora é transformar na prática aquilo que na teoria
já havia sido colocado.
De maneira, que a mim me cabe apenas ratificar minha posição. Eu
entendo que esta Casa não pode votar essa privatização, porque votará sobre
algo que não lhe pertence. Não entro nos demais méritos, nos demais conteúdos
do Projeto, apenas me fixo nesta questão da privatização. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR PRESIDENTE: Inscreve-se a Bancada do
PDS. Está com a palavra o Ver. Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, ontem à tarde realizou-se aqui nesta Casa uma avaliação do Programa
Câmara/Comunidade. E diversos oradores tiveram a oportunidade de usar da
palavra, através da Rádio Sucesso, para colocar o seu posicionamento com
relação a esse programa que já realizou cerca de 48 sessões, nos mais variados
bairros de Porto Alegre. Eu não tive essa oportunidade, porque devia presidir
uma Sessão Solene, que se realizava no mesmo horário, que me impediu, então, de
expressar a minha opinião com relação ao Programa Câmara/Comunidade. Então,
faço no dia de hoje, utilizando o tempo de Liderança do meu Partido. E faço,
Srs. Vereadores, para me congratular, de público, com a Presidência desta Casa,
pela iniciativa de organizar e patrocinar o Programa Câmara/Comunidade.
Porque realmente foi inovação, levar a Câmara aos diversos bairros e
vilas de Porto Alegre. Eu pessoalmente participei de poucos programas,
exatamente porque o dia não me é muito propício, por compromissos que tenho,
normalmente, às terças-feiras. Mas naqueles poucos que participei, e em outros
tantos que tive oportunidade de ouvir pela Rádio Sucesso, verifiquei como é
importante para a nossa população a presença dos Vereadores na sua comunidade.
O povo porto-alegrense, de resto o povo brasileiro, não tem por hábito manter
contato permanente com seus representantes. É um número pequeno de eleitores
que nos procuram, no universo da cidade. É um número relativamente reduzido de
eleitores que procuram os seus representantes para expor as suas dificuldades,
para trazer as suas sugestões e, até, para trazer reclamações.
Nós, muitas vezes, ficamos em dúvida de qual seria o pensamento do
eleitor sobre este ou aquele assunto, qual seria, realmente suas mais sentidas
reivindicações, porque não vem até nós, não chega até a câmara este sentimento
da população.
Em outros países, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é comum e é normal
uma intensa troca de correspondência entre eleitores e eleitos. Se nós lermos
alguma coisa sobre o Parlamento Americano, nós verificamos que qualquer
Deputado recebe, em média, duzentos, trezentas cartas, por dia, de seus
eleitores. Todos eles têm que manter uma equipe de secretárias, de assessores
só para ler, selecionar e responder as cartas recebidas. Nós, aqui, não. Nós já
conhecemos as pessoas que normalmente freqüentam a Casa, porque, de um modo
geral, são sempre os mesmos. Ou, então, quando há um Projeto importante que
diga a respeito de uma determinada comunidade, é que nós vemos aparecer um
grupo específico de pessoas. Os nossos eleitores não nos procuram, não nos
trazem as suas angústias, as suas reivindicações e os seus pontos de vista.
Então, este programa "Câmara e Comunidade” permitiu que indo a Câmara até
os Bairros, indo a Câmara até as Vilas, levasse um pouco, aproximasse o Órgão
Legislativo do Município à população de Porto Alegre. Porque me parece que isto
é que é importante, que isto é que é fundamental, que a população de Porto
Alegre conheça o seu Órgão Legislativo, conviva com ele, nos traga
permanentemente subsídios para a nossa atuação, porque, só assim, nós poderemos
ser bons Vereadores e poderemos dar uma resposta positiva àqueles que nos
elegeram. Reitero os cumprimentos - meus em particular , e da Bancada do PDS, a
esta iniciativa de criar o programa Câmara e Comunidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 3º
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação
de quorum.
(O Sr. 3º Secretário procede à chamada.)
O SR. 3º SECRETÁRIO: Há 21 Vereadores presentes,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Há quórum. Antes de
passarmos para a Ordem do Dia, a Câmara Municipal de Porto Alegre registra a
presença da Escola de 1º Grau Uruguai; e a presença das professoras Leda, Vera,
Denise, Danila, Ana e Leni, e as mães, Érica e Maessi, e registra seu júbilo
com as presenças, pois certamente qualquer um dos presentes, que a Mesa não
poderia registrar, será futuramente um de nós, compondo este Plenário. Somos
profundamente gratos pela visita. Solicito ao Sr. Secretário que apregoe o
primeiro processo e imediatamente uma emenda que se encontra sobre a mesa.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, para um
esclarecimento, não é Questão de Ordem; amanhã haverá uma Sessão
Extraordinária, e consulto se os projetos não votados hoje passarão para a
Extraordinária de amanhã e, segundo, a hora da Sessão Extraordinária.
O SR. PRESIDENTE: Primeira questão, após a
Ordinária. A determinação da Casa foi no sentido de que os processos que
estiverem com o Parecer sejam votados, colocados na Ordem do Dia. Os que não
forem votados hoje, passarão para amanhã, por seqüência lógica.
O SR. HERMES DUTRA: Às 17 horas teremos uma
Sessão Solene.
O SR. PRESIDENTE: Seria iniciada. a Sessão
Extraordinária, suspensa para a Solene e após reiniciada. Se houver algum
pedido das Lideranças da Casa, poderemos fazer a reunião pela manhã.
O SR. HERMES DUTRA: Nos termos em que V. Exa.
colocou fico satisfeito.
O SR. PRESIDENTE: Passamos, a seguir, à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 946/88 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 07/88, do Ver. Hermes Dutra, que altera a redação do artigo 36 da Lei Complementar n.º 170, de 31 de dezembro de 1987, modificando os critérios do cálculo da tarifa de água e dá outras providências.
(Obs.: incluído na Ordem do Dia por força do art. 44 da LOM.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa recebimento
de Emenda de Líder do Ver. Hermes Dutra ao presente processo.
O Sr. 3º Secretário procederá à leitura da mesma.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Lê.)
“EMENDA DE LÍDER
1) Alterem-se
as redações dos incisos I, II e III e suprimam-se os incisos IV e V do Art. 36,
com a redação do Art. 1º do PLCL n.º 07/88, como segue:
Art. 36-
I - Consumo até 20m3: PB x C;
II – Consumo de 20m3 a 1000m3: PB x 0,2711 x C1,43577;
III - Consumo acima de 1000m3: PB x C x 5,5.
2)
Substitua-se no Art. 2º do PLCL a palavra sanção por ‘aprovação’.
3)
Acrescente-se ao fim do Art. 2º do PLCL a expressão ‘para os meses de abril,
maio e junho’.
Sala das Sessões, 29 de junho de 1988.
(a) Hermes Dutra.”
O SR. PRESIDENTE: Apregoada a matéria. Em
discussão. Os Srs. Vereadores que desejam discutir inscrevam-se junto à
Secretaria da Mesa.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, não haverá parecer para a Emenda?
O SR. PRESIDENTE: Não há parecer, porque o
principal vem ao Plenário pela força do Art. 44 que dispensa parecer por óbvio,
o acessório acompanha o principal.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, então
requeiro a inversão na Ordem do Dia para que votássemos os outros projetos
considerando que é preciso que a Emenda seja explicada e tirada as dúvidas,
porque imaginava que o parecer aconteceria, como vejo que V. Exa. tem razão, eu
me enganei, o acessório acompanha o principal, realmente, eu apelaria a Mesa
que os outros projetos fossem votados antes até para que não fossem trancados
uma vez que há quórum.
O SR. PAULO SANT’ANA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Projeto está apregoado. Não
se pode mais inverter a ordem.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esposa a mesma tese
do Sr. Ver. Paulo Sant'Ana. A Mesa mantém o Projeto, salvo se o Sr. Ver. Hermes
Dutra requerer, e a Mesa, aí, deferirá ao Plenário para mudar a Ordem do Dia.
Agora, avisa que a matéria poderá ser questionada. Poderá alguém questionar
vício no processo legislativo, por isto a Mesa não mudou. Agora, o Plenário é
soberano.
A Mesa agradece, uma vez mais, o comparecimento dos Srs. Professores e
alunos do Colégio Uruguai, e uma vez mais reitera a sua posição.
Com a palavra o Ver. Hermes Dutra para discutir.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Estou com uma dúvida imensa, até porque acho que o assunto é muito
sério e importante para a Casa, que tem sido malhada, os Vereadores tem sido
xingados - eu, pelo menos, tenho sido em reuniões que tenho participado; não
sei se nas reuniões que V. Exas. Participam também; nas reuniões que eu
participo, não vejo elogios. O pessoal tem reclamado asperamente de a Câmara
ter aprovado uma fórmula de cálculo d'água que pisa em cima daquele que pratica
a higiene normal dentro dos padrões da Organização Mundial de Saúde, que é 150
litros de água por dia, por pessoa, o que vem dar ao fim do mês, 21,5m3.
A Câmara reduziu a taxa mínima de 20 para 10, num evidente benefício – isso
tenho dito sempre - àquelas pessoas que consomem até 17m3.
Ilusoriamente, porque com o aumento violento do preço da água, na verdade, esse
ganho foi perdido, porque o último aumento da água foi de 100%. Como a inflação
no trimestre foi de 52% é óbvio que ultrapassou em muito a inflação. Então, o
eventual ganho que essa categoria de consumo abaixo do mínimo estipulado teve,
foi perdido em função disso aí. Acima de 17m3, além do custo
violento da água - que amanhã vai subir de novo, eu não sei quanto, porque o
Sr. Prefeito é que faz por Decreto - ainda a fórmula prejudica, com um
acréscimo real de, no mínimo, 20%, fazendo com que as pessoas, por exemplo, da
Vila Farrapos, da Vila Restinga, pessoas que praticam higiene normal, uma
família de 6 pessoas que toma banho, que cozinha, que toma chimarrão, consome
de 20 a 30m3 de água por mês. Essas pessoas tiveram um aumento real
de preço. E a maior demonstração disso são as reclamações que têm chegado, e
não se pode reclamar da ilegalidade da cobrança, porque ela é legal, foi
aprovada inclusive pela Casa, e não se pode reclamar também que o DMAE está
cobrando além do consumismo. Não. Há uma ou outra, mas são exceções. No geral,
os hidrômetros funcionam. Então, esse tipo de consumidor, e peço aos Sr.
Vereadores que se dêem conta , nessas duas vilas que falei Vila Farrapos e Vila
Restinga, onde não mora a alta burguesia da cidade. O aumento do excesso de
água que passaram a receber passou a lhes pesar no orçamento, porque de uma
hora para outra passaram a receber excesso de água de 11 m3, 12 m3,
13 m3, e antes quando muito recebiam eram de 1m3, 2 ou 3
m3, ou de 5 m3. Isso sem contar o brutal aumento
verificado no trimestre, que foi de 100% numa inflação de 52%, e uma URP de
38%.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sempre me perguntei, porque há certos Vereadores que
sempre insistiram em trazer para esta Casa, não são todos, nem a maioria, em
trazer para esta Casa o direito de fixar as tarifas de ônibus, quando os
insumos são todos eles externos, estranhos ao Município. E sempre me perguntei
porquê, que com a água, que metade dos custos são internos, não se traz para
esta Casa o direito de fixação. Estive pensando, e no recesso vou meditar sobre
isto, acho que está na hora de trazermos para cá o direito de fixar a tarifa da
água. Porque não adianta fixar critérios, porque por Decreto o Prefeito faz o
que ele quer.
O SR. HERMES DUTRA: Acho que V. Exa. tem razão,
Ver. Artur Zanella. O problema do preço da água, também pensei muito. E na
questão de fixar preços, acho que a Câmara não tem que fixar, é uma questão de
posição pessoal, tratei de colocar alguma segurança, tal qual aquela que o Ver.
Antonio Hohlfeldt colocou nas tarifas, só que me cuidei para que o Prefeito não
diga que sou eu que estou aumentando a água. Coloquei o seguinte: o aumento do
preço do m3 fixado por decreto, não poderá ser superior no período considerado
da Unidade de Referência de Preços; a URP, ou de outro indicador que venha a
substitui-lo, porque isto? Porque o trabalhador ganha aumento pela URP e o
Executivo poderá refazer seus cálculos e aumentar para um ajustamento, como os
trabalhadores, na época ,do dissídio, ganham acima da URP, o Município poderá
uma vez por ano aumentar. Porque o DMAE também tem custos, eu reconheço, que
fogem um pouco à URP. Eu não sou irresponsável, como o Prefeito andou dizendo
aí, de querer a falência do DMAE. Ao contrário, eu estou preocupadíssimo com o
DMAE. E é tão verdade, que a fórmula que apresentei aqui, é uma fórmula melhor
para o DMAE do que a que o Sr. Prefeito está apresentando. Entretanto, para que
não digam que esse Vereador faz oposição sistemática, que esse Vereador não
quer saber de discussão, apresentei a Emenda de Líder, Ver. Jorge Goularte, que
exatamente transcreve a fórmula que o Sr. Prefeito quer. Mas deixo a segurança
da URP e, o mais importante ainda, Ver. Jorge Goularte, é que eu disse que o
Prefeito deveria vir aqui, ele e o Diretor do DMAE, pedir desculpas à Casa pelo
erro que nos levou a cometer. Porque embora votado contra o Projeto, eu assumo
o erro da Casa, porque faço parte da Casa. Agora, para os consumidores, não
adiante pedir desculpas, tem é que devolver. Então tratei, Verª Bernadete
Vidal, de colocar um outro artigo que funciona como segunda segurança: que no
primeiro aumento do preço básico por m3 das tarifas de água e esgoto, após a
sanção dessa lei Complementar, que estou trocando na Emenda pelo termo
aprovação, porque a aprovação deverá ser hoje ou amanhã, deverá ser descontada
a diferença havida entre a URP, entre os meses de fevereiro e março e o novo
preço estabelecido. Por que isso? Em primeiro lugar, Verª Bernadete Vidal, para
fazer isso que V. Exa está solicitando, que o Município tenha a coragem de
reconhecer o seu erro, e está reconhecendo, porque está mandando um outro
projeto para cá. Ele foi incapaz de mandar alguém falar comigo, que tem
sistematicamente denunciado isso e tem sido chamado pela Sr. Prefeito de um
Vereador que é contra o DMAE. No entanto, S. Exa. manda o novo Projeto para cá,
num exemplo de ética, altamente elogiável. Mas eu não fico preocupado com essas
coisas. Estou preocupado, efetivamente, com a aprovação de uma fórmula que
beneficie o trabalhador. No Projeto original, por um erro de datilografia, quem
o analisasse assim como está poderia chegar à conclusão que havia um prejuízo
para aquela classe que consome até 10m3 d'água. Mas eu já estava com a Emenda
pronta, porque para esta classe mandava aplicar a tarifa social. Entretanto, o
Sr. Prefeito acha que está errado, que tem que ser conta-consumo. Pois, então,
faça-se conta-consumo. Cedo aos argumentos de S. Exa. e apresentei uma Emenda
que, basicamente, diz o seguinte: “Até 20m3, preço básico, veja o
consumo.” Consumiu dois :metros, paga 2 metros. Consumo de 20m3 até
1.000m3, uma curva potencial. Consumo acima de 1.000m3,
preço básico multiplicado por 5,5. Eu, em dezembro, fiz esta Proposta ao
Executivo e a resposta que me deram foi a seguinte: é que se fosse aprovado
isso aqui haveria uma fuga de indústrias em Porto Alegre. E eu me deixei
convencer. Então, novamente, me deixo convencer, agora, pelo Diretor do DMAE e
pelo seu Prefeito, que querem dividir por 5,5, que sou a favor. Então, vejam
bem, não mexo na tarifa social, que continua a tarifa social para aqueles que
moram nos conjuntos habitacionais do DMAE, nos conjuntos da COHAB e aquelas
residências que têm, no máximo, 40m2, que são casebres. A estes
aplicar-se-á a tarifa social, hoje, em torno de Cz$ 150,00. Continua a tarifa
social, mas com uma opção. Porque, se ele gastar três metros cúbicos, e, se o
metro cúbico for de Cz$ 40,00, é Cz$ 120,00. Então, para ele será mais vantagem
optar pela conta-consumo.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Se me permite, respeitosamente, fazer uma correção a
V. Exa. V. Exa. sabe que fomos V. Exa. e nós quem mais perseguimos esta
questão. Chegamos, inclusive, a redigir um Projeto de Lei e o apresentamos à
.análise dos técnicos do DMAE. Foi quando soubemos que o DMAE preparava este
novo Projeto da chamada conta-consumo. Não sei se é um Projeto real, enviado à
Casa, mas tem aquilo que, na época, três semanas atrás, o Diretor do DMAE
estava trabalhando. A equação é: de 0 a 20 - PB x C, que é o preço básico vezes
C. De 21 a 1.000 - PB x 0271 x C elevado a 1,43577. Mais de 1.000 - 5,5 x C x
PB. Tarifa social é 150, até 10m3. Aí mantém a cota de 10m³. Agora,
na conta-consumo - era aqui a minha correção (entre aspas), me explicava o
Diretor do DMAE que há uma despesa mínima - esta vem embutida na nova lei - que
inclui quatro elementos: custo da edição da conta, da entrega da conta, da
colocação do hidrômetro e não sei qual o outro. De maneira que o valor mínimo a
ser pago será sempre de 4 metros cúbicos. Ainda que eventualmente alguém
gastasse 2 ou 3 metros cúbicos, sempre pagaria 4. Isto na lei que,
teoricamente, seria enviada à Casa. Eu não li o Projeto oficial. Com esta
informação extra oficial que eu tenho, o preço mínimo seria sempre de 4 m³.
Para cobrar menos de 4m³, acabaria gastando mais do que viria a receber. Esta é
a explicação do DMAE. Não estou assinando embaixo, apenas estou relatando a V.
Exa., para colaborar.
O SR. HERMES DUTRA: Eu li o projeto e realmente
corresponde. Só que eu não coloquei aqui, porque ia dar uma Emenda e gerar
muito tumulto. A água vai subir depois de amanhã e esta é a nossa maior
preocupação.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: Mas me dizia o Dr. Petersen
que, se não chegássemos a votar o Projeto nestes dias, ele trataria de fazer um
aumento proporcional, como se já estivesse aplicando a nova lei. Digamos que a
nossa pressão, bem ou mal, surtiu algum efeito, seja porque veio o novo
Projeto, seja porque há um reconhecimento do DMAE, ao menos parcial, de que a
coisa não saiu exatamente como planejada. Dizia-me também o Dr. Petersen que
haveria uma preocupação de aumentar.
O SR. HERMES DUTRA: É que nem as explicações
que nos deram em dezembro.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: Não estou assinando
embaixo; estou apenas fazendo um relato.
O SR. HERMES DUTRA: Eu me preocupei, e devo
dizer o seguinte, não tenho a menor dúvida de que se nós aprovarmos o projeto,
que o Prefeito, ele é inteligente, vá aproveitar o projeto, vetando as partes
que não lhe interessam, como por exemplo, a fixação do aumento pela URP. Acho
que aí não é uma questão deste Vereador, mas de posicionamento da Casa, se o
Prefeito quiser vetar que vete, e depois assuma a responsabilidade. Repito o
que disse no início do pronunciamento, não sei se V. Exas. têm ido em reuniões
nos bairros da periferia, pois o que dizem de nós é impressionante, não adianta
explicar, como explico, e eu sempre me sinto bem, porque votei contra e
justifico, qualquer um erra, você não erra na sua casa? Acho que com isso
estaremos dando uma resposta, e será a nossa posição, agora o Prefeito que
vete, e a sua bancada que assuma o ônus, mas nós estaremos cumprindo a nossa
função. E não estamos fazendo nada para esvaziar o DMAE, pelo contrário, tive o
cuidado, e foi o que V. Exa. leu, de preservar a receita mínima.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: Nós também tivemos o mesmo
cuidado.
O SR. HERMES DUTRA: Porque o DMAE tem custos
fixos que não baixam, e na hipótese improvável desta cidade, de todo mundo
consumir 5m³ por mês, o DMAE quebra.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Cumprimento V. Exa., mais uma vez, pelo projeto, e me
somo a V. Exa., pois acho que temos que ter a hombridade de reconhecermos que
estávamos errados, e agora estamos consertando, a população merece e nós temos
a obrigação de darmos uma resposta positiva à comunidade. V. Exa. encaminha
muito bem essa matéria.
O SR. HERMES DUTRA: Gostaria que este assunto
fosse encaminhado da forma mais esclarecedora possível. O projeto continha um
erro redacional. E pretendia corrigi-lo com a Emenda; não o fiz, porque tendo o
Sr. Prefeito mudado de idéia, assumi a fórmula do Sr. Prefeito e estou
aplicando a fórmula do Sr. Prefeito através de Emenda, mas não abro mão das
duas seguranças: o aumento pela URP e a devolução no próximo aumento da água
que o DMAE fizer. Vou ouvir a argumentação contra o Projeto, do Ver. Elói
Guimarães, e posteriormente voltarei, se for o caso, para discutir novamente a
questão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Sob todos aspectos são louváveis as preocupações da Casa com a
questão que diz com o serviço público de água à população da Cidade. Nós
tivemos a oportunidade de fazer uma análise acerca do Projeto do Ver. Hermes Dutra,
que diria, ausente outra proposta, poderia ser aproveitada. Mas, na medida em
que o Executivo Municipal remete à Casa o Projeto que está tramitando, se nos
afigura, e vamos tentar deduzir da tribuna, que o Projeto Hermes Dutra torna-se
não ao nível da arrecadação do DMAE, mas ele evidentemente não consulta o
melhor interesse da população. Ele trabalha... Se bem que S. Exa. da tribuna
anunciou uma Emenda que não tivemos a oportunidade de examinar. Vamos precisar
de tempo para o fazer, posto que anunciada da tribuna.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói, só para esclarecer, V. Exa. pode ter
defeitos, mas não tem, como sempre digo, o de injusto. V. Exa. não estava no
Plenário quando a Mesa recebeu a Emenda e a apregoou, agora se o Vereador não
se encontra no Plenário a Mesa não pode sair atrás do Vereador. A Emenda foi
apregoada em tempo hábil, eu apenas na defesa do projeto comentei a Emenda como
não poderia ter sido diferente. Esta é uma informação que dou a V. Exa, porque
na hora V. Exa. parece ter ido atender um compromisso em função de partes que
estavam-lhe aguardando.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas, veja Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu volto e vamos analisar a emenda, volto a dizer que a
iniciativa do Ver. Hermes Dutra seria de todo recomendável ausente. A
iniciativa do Executivo, uma proposta do Executivo mudando a lei vigente que
efetivamente houve de parte da população uma grita generalizada e a
Administração Municipal, a administração do DMAE foi sensível a estas
intranqüilidade por parte da população, mas o Projeto do Ver. Hermes Dutra,
segundo dispõe, ele estabelece duas tarifas mínimas, a tarifa de consumo de
zero a dez metros cúbicos que na configuração do seu projeto é uma tarifa
mínima e também uma tarifa de 11 m³ a 20 m³. Pois se nós vermos estes dados com
o projeto do Executivo, nós vamos concluir que o projeto do Executivo é melhor.
E por que melhor? Veja S. Exa. que no Art. 36, item 1º - consumo de 0 a 10m³,
se o munícipe gastar 4m³ vai pagar 10m³, se consumir 5m³ vai pagar 10m³, se
consumir 15m³ vai pagar 20m³. O que faz o Executivo? Traz o projeto melhor
trabalhado e melhor aperfeiçoado e estabelece o consumo efetivo: se gastar 5m³
vai pagar 5m³, é o projeto do Executivo.
Estou, Ver. Jorge Goularte, fazendo uma comparação entre o Projeto do
Ver. Hermes Dutra e o projeto vindo do Executivo. E há uma tabela comparativa,
do Ver. Hermes Dutra, e S. Exa. faz uma relação do dispêndio entre o seu
Projeto e a atual vigência da lei que estabelece a cobrança e as diretrizes de
consumo. Na faixa mais significativa de economias o Projeto não altera a lei
vigente. De zero a 10 metros cúbicos, os parâmetros são os mesmos, a aplicação
é a mesma. De 11 metros cúbicos, o Projeto pune significativamente o
consumidor, estabelecendo uma relação de 1,82 para 0,75, praticamente
triplicando o valor.
Depois vou analisar a Emenda.
Vejam V. Exas. que o consumo de 11 metros cúbicos - estou falando em
relação à lei em vigência, e contestada pela Casa e reclamada pela população;
considerando os parâmetros estabelecidos pelo próprio Vereador, vamos ver que,
para um estrato social, para uma fração da população, a lei Hermes Dutra, o
Projeto Hermes Dutra agrava a situação e o dispêndio do consumidor. Até 10m³
ele mantém o mesmo dispêndio; a partir de 11m³, ele estabelece 1,82 em relação
a 0,55 e 1,25 em relação a 0,80. Em 20m³, efetivamente, ele altera para melhor,
,em busca do interesse do usuário. Mas, exatamente aqui, nessa faixa, estão 250
mil economias que, nesse conjunto, ficam agravadas pelo Projeto do Ver. Hermes
Dutra em relação à Lei vigente, não em relação ao Projeto do Executivo, que
está na Casa e é melhor. Eu estou trabalhando em cima de dados fornecidos. De
21 a 60m³, o Projeto Hermes Dutra, em relação a Lei vigente, é melhor.
Estabelece parâmetros favoráveis ao consumidor em relação à Lei vigente,
condenada pela Casa e reclamada pela população a sua modificação. Mas, em
relação à proposta do Executivo, não há praticamente nenhuma alteração. Nós
entendemos que o Projeto do Executivo, que corrige a distorção, havida, em boa
hora, ele também coloca, traz, além de eliminar com a taxa mínima e estabelecer
o consumo efetivo, porque é cobrado segundo o dispêndio, além deste aspecto que
é altamente positivo, há um dado de grande significação. E esse dado se coloca
nos seguintes termos, o fato de se eliminar os 20 m³, estou falando da lei
anterior, se fossemos calcular, o preço era o mesmo. Então, a eliminação da
taxa mínima, colocando-se agora uma taxa real, é altamente positiva, do ponto
de vista do interesse do consumo por parte da população.
Outros aspectos já focalizados da tribuna pelo Vereador Cleom
Guatimozim, quando anunciava a vinda para esta Casa do projeto do Executivo, é
exatamente alterar-se o nome juris de “taxa” para “tarifa”. Hoje temos a
tarifa, quando desligada a economia da rede o munícipe fica desobrigado do
pagamento tão logo faça o desligamento da rede. Também é uma inovação positiva.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. pode ter algum defeito, todos nós temos, mas
alguns não podem ser debitados a V. Exa., por exemplo, o de injusto, V. Exa.
está cometendo graves injustiças. Se V. Exa, não fosse um homem inteligente
diria que o perdoaria porque não soube ler, entender, mas não é o caso, V. Exa.
é inteligente, tem a cabeça no lugar. Tudo o que V. Exa. diz perde a sua
essência face a uma emenda apresentada. Em segundo lugar, quero colocar a
honestidade deste Vereador foi tanta que se V. Exa. manusear vai ver uma
tabelinha onde efetivamente se reconhecia uma perda entre aqueles que consomem
de 11 m³ até 17m³. Efetivamente, esses teriam um pequeno agravo. Esse agravo,
Vereador, será resolvido por esse artigo que V. Exa. não leu, que eu vou ter
que ler, para que os Anais façam justiça a mim e a V. Exa. Vereador: "'No
primeiro aumento dos preços básico por m³ das tarifas de água e esgoto, após a
aprovação dessa Lei, deverá se descontada a diferença havida entre a URP dos
meses de janeiro, fevereiro e março do corrente exercício e o novo preço
estabelecido." Se V. Exa não sabe, a URP foi de 38%, enquanto o preço de
água foi de 100%. V. Exa. sabe qual foi a inflação do período? Foi de 52%.
Então, Vereador, efetivamente isso aqui compensaria aquela eventual diferença neste
pequeno público que é de 11 a 17.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas V. Exa. há de convir
comigo, que são aspectos burocráticos, colocados no Projeto de V. Exa, que
atrapalharam a matéria. Outro aspecto a ser considerado que de 0, o extrato
social consumidor de água, de 0 a 20m³ são agravados pela Lei de V. Exa. Está
aqui Nobre Vereador (mostra o Projeto). Eu sou grato, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem a satisfação de
anunciar a presença do Ver. Firmino Teixeira. S. Exa. é Vereador do Município
de Cachoeirinha. Convidamos S. Exa. a passar ao Plenário e receba as homenagens
desta Casa, assim como ao Município que S. Exa. representa.
Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: A Bancada do PMDB saúda o
nosso colega de Cachoeirinha e diz do seu prazer em tê-lo aqui conosco.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou discutir, hoje, este Projeto
do DMAE em tese. Não vou entrar nos números.
Em primeiro lugar, o que acontece num Governo responsável quando montam
uma parafernália aqui na frente, engana o poder Legislativo, engana a população
e, depois, envia um outro Projeto? Que é que aconteceria num Governo
responsável? Uma cabeça, ou duas ou três cabeças, teriam, forçosamente, que
cair. No mínimo, o Diretor do DMAE teria que ter caído ou quem o Diretor do
DMAE indicou para fazer esses cálculos. Absolutamente, nada. Enganaram a
população durante mais de seis meses e, com o maior descaramento possível,
apresentam, aqui, um outro Projeto como se nada tivesse acontecido na história
da Cidade de Porto Alegre. E o dinheiro que a população pagou a mais, quem é o
responsável? Quem é o responsável, pergunto eu? Ninguém. Ninguém é responsável.
Vem o DMAE, aqui, gastando o dinheiro do povo, montam um circo nesta Casa,
enganam os Vereadores e eu estou aqui para assumir o meu mea culpa .Mas fui o mais enganado de todos. Por quê? Porque, tendo
uma formação técnica, acreditei nos números do DMAE. Eu sei o que é um ábaco,
sei o que é uma espiral logarítmica, eu sei o que são dados apresentados. E,
então, eu pude avaliar, aqui na frente, os dados mentirosos que eles trouxeram
para cá. E tanto são mentiras estes dados que, agora, eles vêm com uma nova
fórmula! E vêm com uma nova fórmula como se nada tivesse acontecido! E eu digo
mais, e eu vou mais longe: o problema não é só de fórmula, no DMAE. O problema
é de má administração no DMAE. Nós estamos pagando a água que o DMAE joga fora
nas vilas. Pois, se os senhores querem saber, nós temos um dado da vila Pinto,
onde mostra que 300m³ são gastos por família. E por quê? Porque não há
hidrante, não há controle. Aquelas bicas e aqueles canos ficam jorrando água,
noite e dia. Aliás, é uma constante, hoje em dia, na cidade. Os Vereadores
todos sabem disto, pelo número de telefonemas que recebem, pedindo que, pelo
amor de Deus, sustenham as cachoeiras que saem pelo meio destas ruas da cidade
de Porto Alegre. E quem paga isto? O consumidor de Porto Alegre, nesta taxa,
nós estamos pagando a má administração do DMAE, os senhores tenham absoluta certeza
disto. Aquela imagem de grande administrador, do Eng.º Petersen, não resistiu 6
meses, numa fórmula mentirosa imposta nesta Casa. Tanto é mentirosa que o
Executivo, sentindo na carne o apelo popular, abre mão e vem aqui. Há de se
acreditar nesta fórmula nova do Município? Quem acredita? Eu acredito na
fórmula do Ver. Hermes Dutra. Quem me garante que eu não vou ser enganado, de
novo, por esta fórmula do Executivo? Quem me garante que não vai ser montada a
parafernália, aqui, dos Engenheiros do DMAE, vindo trazer informações erradas
para nós? Quem pode votar ou acreditar no que o DMAE manda para nós hoje em
dia, depois de termos sido expostos à execração pública, por milhares de
moradores desta cidade, que nos cobram por termos acreditado em gente que veio
aqui mentir.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite?
(Assentimento do orador.) V. Exa. há de convir que coloca problemas que estão
ligados às condições culturais, de subdesenvolvimento da cidade. O DMAE não
pode fechar torneira dos casebres, das subabitações de Porto Alegre. Agora,
gostaria que V. Exa. se ativesse a um aspecto fundamental: o Executivo foi
sensível aos apelos da população e da Casa, em reexaminar, e isso que é o
importante, a matéria. Agora, gostaria que V. Exa. fizesse um comparativo entre
a água de Porto Alegre, administrada pelo Prefeito, e o preço da água
administrada pelo governador. Faça o comparativo, e V. Exa. vai concluir que lá
também se faz necessária uma revisão da água fornecida pela Corsan.
O SR. FLÁVIO COULON: É mais cara, mas do jeito
que vai o DMAE, na administração do PDT, vai ficar mais cara do que a do
Estado.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite?
(Assentimento do orador.) Para reparar inclusive o que V. Exa. já se
autodeclarou, e tenho certeza de que conhece todas as fórmulas, não é hidrante,
e sim hidrômetro; segundo, gostaria de reparar no seu empolgado pronunciamento,
é de que a fórmula que V. Exa. acaba de aprovar como certa a mesma fórmula do
projeto do Prefeito, dado que a emenda que o Ver. Hermes Dutra traz, é a mesma
fórmula. Então V. Exa. acaba de aprovar a fórmula do projeto do Prefeito
Municipal, apesar de estar falando mal dele.
O SR. FLÁVIO COULON: Mas agora é avalizada pelo
Ver. Hermes Dutra, porque se viesse só do DMAE... agora eu acredito. É boa essa
fórmula, Ver. Hermes Dutra? Dá para acreditar nessa fórmula do DMAE?
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Efetivamente, a fórmula, e falei a V. Exa. com a
extinção da taxa mínima é inédita em termos de doutrina. A CRT tem taxa mínima,
a CEEE também, mas para o bem da população vamos a ela. Eu, pessoalmente,
lisamente, como votei contra da outra vez, espero que o DMAE não tenha prejuízo
com esta fórmula porque não posso afastar a possibilidade de repente esta
Cidade, a metade de seus consumidores, só gastarem 10 metros cúbicos por mês.
Aí, os custos fixos do DMAE seriam pagos por empréstimo da Prefeitura que nos
apressaríamos em aprovar para não deixar a entidade mal. Mas o Prefeito tenta
num contragolpe para deixar a Casa mal de novo. Mas se deu mal porque há um
projeto tramitando há mais de 60 dias, da minha autoria, poderia ser de outro,
como o Ver. Antonio Hohlfeldt também tinha, e estamos avalizando a fórmula do
DMAE para que o Prefeito não venha dizer que está vetando porque somos contra
sua administração.
O SR. FLÁVIO COULON: Fiquei em dúvida de novo.
O Sr. Wilton Araújo: Gostaria de retomar meu
aparte que foi atalhado pelo autor do Projeto. O autor do Projeto, que adota a
mesma fórmula, está plagiando o Prefeito, pois o Projeto que o Prefeito manda à
Casa tem essa mesma fórmula, e a Emenda do Ver. Hermes Dutra vem agora.
Estranho a Mesa não ter enviado às Comissões. 20 metros do DMAE hoje são 720
cruzados e da CORSAN são 1296 cruzados. V. Exa. que com tanto ardor, da tribuna,
traz, por que não o faz também no Estado, contra o Governador Pedro Simon, da
má administração que está fazendo lá? V. Exa. é incoerente.
O SR. FLÁVIO COULON: Eu posso dizer-lhe o
seguinte: pelo jeito lá no Estado todo mundo está pagando e ninguém foi
enganado, todo mundo sabe que toda a vida pagou e nunca foram passados para
trás. Agora qual é o interesse de V. Exas., e aproveito a presença do Diretor
do DMAE aqui para pedir respostas a um Pedido de Informações a respeito de
contratações no DMAE, porque este é outro capítulo que quero estudar muito, com
muito cuidado, é o empreguismo no DMAE, na administração do PDT, muito
especificamente na Administração do Dr. Petersen, onde alguns concursos
internos lá para ajeitar a vida de algumas pessoas foram feitos. Eu quero e
continuo reclamando este Pedido de Informações.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que o Sr.
Secretário da Mesa apregoou um processo que veio à Mesa e que foi colocado em
anexo para ser votado por força do Art. 44 e que também recebeu uma Emenda de
Liderança. Não tendo ambos, o principal parecer, e não tendo também a Emenda ao
Parecer. A Mesa cumpriu estritamente o Regimento Interno e o Sr. Secretário
devidamente apregoou. Faço isso para que não seja eivado de erro o presente
debate.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria que a Mesa não
advertisse evidentemente o orador que está na tribuna, mas ponderasse que ele
não pode se afastar da matéria em debate. Por outro lado, gostaria, em nome da
tradição da Casa, tradição democrática, tradição de fraternidade da Casa, que o
orador não desabasse como está desabando sobre a figura do Diretor do DMAE, que
está aqui presente para prestar as informações. Da forma como está fazendo,
parece-me que isso não constrói para o grande entendimento que a Casa precisa
no encaminhamento de matéria como essa.
O SR. FLÁVIO COULON: Se eu falo quando as
pessoas não estão aqui, eu acabo apunhalando pelas costas; se eu falo quando as
pessoas estão aqui, eu acabo sendo deselegante; eu até, Ver. Elói, pensei que o
Dr. Petersen fosse Vereador desta Casa, porque entendo que ele como Secretário
deveria estar sentado aqui. Talvez a razão de ter-me enganado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa convida o Sr.
Diretor do DMAE para fazer parte da Mesa da Casa.
O SR. NEI LIMA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, as tradições desta Casa sempre
fizeram com que os Secretários do governos, no passado e no presente, tivessem
a liberdade de transitar no Plenário da Casa, sentar na tribuna dos Vereadores,
e sempre foi feito com clareza e distinção; é até uma honra muito grande para
nós uma pessoa ilustre, como o Diretor do DMAE, sentar numa tribuna onde senta
um Vereador. Para nós é gratificante a forma com que o Diretor Geral do DMAE trata
com carinho os Vereadores desta Casa. Portanto, eu acho ridícula, para não
dizer estúpida, a colocação feita pelo Vereador que me solicitou a Questão de
Ordem.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, eu queria
manifestar a V. Exa. que não quero entrar na pendência das partes, mas a Mesa,
e o Presidente da Mesa, no caso, quer assumir a inteira responsabilidade de não
ter convidado o Sr. Dr. Carlos Alberto Peterssen, de vez que, por um ato falho
da Mesa, não o convidou expressamente, por considerar-me, talvez, fraternalmente
amigo de V. Exa., e incorreu neste erro. Mas o Sr. Diretor do DMAE, não só
porque tem uma tradição enorme nesta Casa, como membro dela, pode percorrer
todas as dependências da Casa, e o Plenário, mas a Mesa tinha cometido este
erro, de não convidar, por ser fraternalmente amigo do Sr. Diretor do DMAE.
Deste erro a Mesa quer se penitenciar. S. Exa. poderia não querer, mas S. Exa.
poderia receber o convite, o que não fizemos e nos penitenciamos por isto.
Com a palavra, o Ver. Nereu D’Ávila, que cede o seu tempo ao Ver. Nei
Lima.
O SR.NEI LIMA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, prezado diretor do DMAE, Dr. Petersen. Não pretendia eu vir à
tribuna, não fosse a hemorragia verbal do meu antecessor. É diferente de
hidrante para hidrômetro, e nós não temos a tabela que S. Exa. diz possuir. V.
Exa. vem dar uma de ingênuo e é um tremendo vivo.
Sr. Presidente, procura-se atingir um governo trabalhista, um governo
que tem compromisso com o povo, um governo que sempre procurou levar o melhor
para a comunidade. Vem o Ver. Flávio Coulon e diz que é para cancelar águas nas
vilas, como no caso da Vila Pinto. É inadmissível isso! Administrações se
passaram e a Vila Pinto nunca teve água, e tem nesta Administração, e tem com a
Administração do Dr. Carlos Alberto Petersen, no DMAE, que eu acompanhei de
perto, por 1 ano e 3 meses, em que se chegou a ter água acima da quota mínima,
na quota que não podia-se atingir, e hoje temos água nesses pontos. E vem um
Vereador - de pouca tradição nesta Casa, até por estar aqui recentemente fazer
críticas e dizer que pobre não tem direito a água, o que é uma inverdade. O
governo de V. Exa., Ver. Flávio Coulon, está roubando, está extorquindo o povo
brasileiro e V. Exa. vem aqui e não diz isso. Desavergonhadamente fala de um
governo trabalhista, quando o governo de V. Exa., na Assembléia do Estado,
rouba, descaradamente, com a CORSAN. E V. Exa. diz que eles não enganam
ninguém. Se cobrar 500 cruzados a mais não é enganar, eu não sei o que é
enganar o cidadão. O governo de V. Exa. é podre, ladrão, porque deveria ter
cálculos idênticos, porque a água tem o mesmo custo, tanto faz ser no Rio
Grande do Sul, no Brasi1 ou no Exterior. Os componentes que fazem com que a
água chegue ao usuário são os mesmos! Agora, lamentavelmente, V. Exa. tem a
característica de agredir um partido que tem a tradição do Partido Democrático
Trabalhista. E nós não podemos ficar nesta Casa olhando V. Exa. E vendo V. Exa.
com esta baboseira toda querendo enganar o povo porto-alegrense, o povo gaúcho
e o povo brasileiro. O Governo de V. Exa. que é acostumado a derrubar
Secretários, que derruba Ministros, o nosso governo não, o nosso governo quando
sabe que está errado sabe reconhecer o erro, e sabe que quando prejudica alguém
procura uma outra medida saneadora para que a comunidade se sinta tranqüila.
Nós não botamos ninguém para a rua, não botamos para rua o Presidente da
Petrobrás, porque admitiu que o funcionário precisa ganhar a URP. Agora, o
governo de V. Exa. ele faz isto. Aliás, não posso admitir que um governo do
PMDB, histórico, tenha um Prisco Vianna de uma facção totalmente ambígua nas
suas fileiras, e mandando.
Agora, V. Exa. tem razão, tem que cobrir o sol com a peneira, porque o
governo de V. Exa; tanto a nível estadual, ou melhor, estaduais, como a nível
nacional são uma vergonha. E uma forma de se tentar colocar uma nuvem em cima
disso tudo, é tentar-se pedir a cabeça de Secretários, de Diretores. Nosso
partido não tem disso. E a moral desta Casa nunca fez isso. Nós nunca pedimos a
cabeça de quem quer que seja. Nós já estivemos nesta tribuna falando até de
Secretários, mas nunca chegamos ao cúmulo de exigir ser tão intolerantes assim.
É profundamente lamentável que V. Exa. não conheça nem a grandeza desta
Casa, quando um Secretário ou Diretor de Autarquia aqui venha a conviver.
Talvez V. Exa., no seu Partido, não tenha isto. Mas, esta Casa sempre respeitou
todos os Secretários das Administrações Municipais. E é lamentável que V. Exa.,
líder de um Governo possa fazer uma coisa dessas.
Venho a tribuna, Sr. Presidente, mais para um desabafo, para dizer que
a pessoa do Sr. Diretor do DMAE, é uma pessoa acima de qualquer suspeita, um
funcionário público exemplar, que passou a sua vida toda tratando de água,
tratando dos problemas de sua comunidade e, sem vergonha alguma, porque é
funcionário público e serviu vários governos que não eram seus. E sempre tratou
suas tarefas da melhor maneira, sempre recebendo a distinção desses governos. E
o que, hoje, nós vimos aqui uma forma brutal de procurar atingir uma pessoa que
tem todo esse mérito. E essa coisa de dizer que fala nas costas e na frente da
pessoa, para nós não serve, porque o nosso governo tem procurado trazer as
coisas com a maior retidão possível. E um Pedido de Informações ele tem os
canais competentes, e o Vereador recebe o mesmo 15 dias após. É claro Ver.
Flávio Coulon, que V. Exa ao receber o Pedido de Informações poderá fazê-lo na
forma administrativa que quiser. Isso é um direito seu e ninguém vai tolher
esse seu direito: Agora, a forma com que se trata um Processo Legislativo,
nesta Casa, não é dessa maneira. V. Exa. ainda tem muito que aprender. E nós
estaremos, aqui até o final do ano, para procurar incutir na vossa
inteligência, porque nós o temos como um homem inteligente, chegou na posição
que está. Só esperamos que V. Exa pegue a embocadura dos trabalhos legislativos
desta Casa, e passe a ter um pouco mais de tolerância consigo mesmo, a partir
daí possa discutir os processos e não ter vergonha de dizer que errou. Agora,
dizer que votou por votar, isso não é prática desta Casa. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. Nereu
D’Ávila.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o ilustre Dr. Carlos Alberto Petersen, Diretor do DMAE, que no
nosso entendimento pessoal tem todos os louvores, não só capacidade técnica,
como, também, se portado com dignidade no cargo de Diretor do Departamento
Municipal de Água e Esgotos.
No meu entendimento, esta Emenda de Líder do nobre Vereador muda de tal
forma o Artigo 36 na sua substância que ela deixa de ser uma Emenda para ser um
Substitutivo, porque ela altera totalmente o âmbito do Projeto. E mais, ela
adere formalmente ao pensamento que inspira o Projeto do Executivo. Porque,
entre os defeitos do Projeto do Ver. Hermes Dutra, que beneficiava uma minoria
em detrimento de uma maioria, alguém, chamando-lhe a atenção, ele, no
derradeiro momento, apresenta uma Emenda que muda substancialmente o Projeto.
Tanto que, enquadra-se no Projeto do Executivo que está na Casa.
Queria, também, lamentar que o Ver. Flávio Coulon, aproveitando todas
as oportunidades, mesmo quando se está debatendo um assunto eminentemente
técnico, como este, quando o Executivo sensível a alguns problemas que surgiram
na popu1ação de Porto Alegre com relação a água, propõe um novo Projeto de Lei,
propõe o seu Diretor a discutir conosco e aqui está ele presente, no momento,
descambe para tentar, somente tentar, o descrédito para o DMAE.
Ora, com todo o respeito que tenho ao Ver. Hermes Dutra, o Ver. Hermes
Dutra nunca foi um técnico, ,ainda mais de água, e eis que o Líder do PMDB
pediu o aval do Ver. Hermes Dutra para aprovar, ou não, tal ou qual Projeto ou Emenda, mesmo que esta Emenda seja
absolutamente igual ao Projeto do Executivo. Então, eu quero lamentar que o
Ver. Flávio Coulon não perca a oportunidade de misturar coisas técnicas e
sérias, com aleivosias irresponsáveis ao Prefeito e, principalmente, à
administração do DMAE, que quer, exatamente, corrigir alguma coisa que,
porventura, pudesse vir de, melhor à população. Então, o Vereador, ao invés de
reconhecer o esforço do DMAE - o Diretor está aqui, qualquer Vereador pode
chegar e discutir com ele sobre os problemas da água - aproveita para dizer que
não acredita em nada mais que venha do DMAE e que acredita no Ver. Hermes Dutra
que, com todo o respeito, é um brilhante Vereador, Líder do PDS, já foi
Secretário, brilhante, mas não entende nada de coisas técnicas, como nós não
entendemos. É evidente que o Ver. Hermes Dutra tem o conhecimento que nós temos
com relação à feitura das leis, mas, que ele entenda mais que os técnicos do
DMAE, como o próprio Carlos Alberto que, antes de ser Diretor do DMAE, era
técnico há mais de 20 anos, que nós entendamos mais que ele, sinceramente, é
apenas um desejo e não uma realidade.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero lhe dizer que V. Exa. foi um bom Secretário
da SMIC, é a minha opinião pessoal e é sincera. No entanto, acho que V. Exa.
entende bulhufas de chuchu, entende bulhufas de tomate, etc. ... Em segundo
lugar, acho que V. Exa. comete uma injustiça, na qual está incorrendo todo o
pessoal do PDT. Por problemas que não sei quais, V. Exas. não avaliaram bem o
meu Projeto. Eu não digo que V. Exa. tenha que ser a favor, mas, se ele fosse
convenientemente avaliado, V. Exa. veria que o grande mérito do Projeto, a meu
juízo, não é a fórmula, que esta é passível de mudança - aliás, já estou
apresentando uma Emenda e em outro aparte vou explicar por que - mas o grande
mérito é que ele põe uma segurança tal qual a famosa metodologia de cálculo,
pois o problema das subas constantes da água, sem parâmetro, no meu projeto,
terminam e, se apresentei a Emenda, foi exatamente para que o Prefeito não
vetasse com a desculpa de que não atenda aos interesses da administração.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Agradeço, V. Exa. tem o
mais absoluto direito em apresentar uma emenda, que, aliás, não é Emenda, é um
Substitutivo, que altera o Projeto, agora, a coincidência, entre aspas, é a de
que o Projeto entrou hoje, xerocado há pouco, exatamente quando o projeto do
Executivo está com a mesma redação. É apenas uma coincidência.
O Sr. Hermes Dutra: Possa esclarecer: V. Exa.
não pode cometer essa outra injustiça, é que V. Exa. sabe, esqueceu, ficou
afastado da Casa, que a tramitação me impedia de apresentar Emenda, porque a
comissão não foi formada, como pedi o 44, V. Exa. sabe que só cabe Emenda de
Líder durante a discussão, a culpa não é minha.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Tudo bem, agora, uma coisa
V. Exa. concorda em que a Emenda coincide com o projeto do Executivo.
O Sr. Hermes Dutra: Acabei de dizer que fiz a
fórmula para evitar que o Prefeito vetasse.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Então não cometo mais
injustiça, a Emenda é igual a do Executivo, e não entendo por que V. Exa. não
adere logo a do Executivo.
O Sr. Hermes Dutra: O mérito dele não é a
fórmula, o mérito é que ele, definitivamente, coloca fim à questão do Prefeito
aumentar a água a seu bel-prazer; de janeiro a março ele aumentou 100%, e a
inflação foi 52%.
O SR. NEREU D'ÁVILA: V. Exa. está cansado de
saber, que a intenção da fórmula anterior, que agora vai ser alterada, era a
intenção do Executivo, de que aqueles que tivessem maior excesso d’água
pagassem mais, evidente que esta foi a fórmula e, tecnicamente, depois se
averiguou, que também os pequenos estavam pagando excesso.
O Sr. Hermes Dutra: Eu disse isso da tribuna,
eu votei contra, eu disse isso, e o Prefeito de V. Exa. me chamou de um monte
de coisas.
O SR. NEREU D'ÁVILA: V. Exa. acha que o Prefeito
Alceu Collares, que foi Vereador, que conhece os problemas da Cidade, em algum
momento ia, através do DMAE, aumentar a água para prejudicar os pequenos
contribuintes? Ora, isso não passa pela cabeça de ninguém, pelo amor de Deus,
nem do Ver. Flávio Coulon a quem eu dou um aparte.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não sei, para fazer caixa, muitas vezes a gente se
faz de desentendido e erra na fórmula, não sei, não aceitaria isso, em todo
caso, quero dizer duas coisas: em primeiro lugar, pensei que o DMAE tivesse
copiado a fórmula do Ver. Hermes Dutra, agora ele diz que ele está seguindo a
fórmula do DMAE. Já tenho dúvida se votarei a favor do Projeto do Ver. Hermes
Dutra. Sou muito sensível à presença do Dr. Petersen nesta Casa, mas no outro
Projeto ele também veio e nos empurrou o Projeto. O que nos falta hoje é
credibilidade. Ele pode vir e explicar, mas sempre se fica pensando se não virá
novamente a mesma coisa? O problema é a perda de confiança. O respeito pelas
qualidades técnicas do Dr. Petersen todos temos, já tenho dúvidas sobre a
capacidade administrativa.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Só lamento que V. Exa.
radicalizou dizendo que os técnicos do DMAE não mereciam sua credibilidade. V.
Exa. sabe que todos podem errar, mas daí a que o erro seja deliberado há uma
distância muito grande. O Executivo tem humildade em admitir e reflui agora com
novo Projeto dizendo que aquele não era o ideal, mas a filosofia que inspirava
o projeto anterior tinha a possibilidade de dar certo. Não deu e estamos aqui.
Se o Executivo quisesse, comodamente aceitava o do Ver. Hermes Dutra.
O Sr. Flávio Coulon: Só para fazer justiça, o
Executivo é o Prefeito Alceu Collares, se não fosse ele até hoje os técnicos do
DMAE estariam morrendo abraçados a essa fórmula.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Esta é uma afirmativa sua
porque o Prefeito tem que chamar os técnicos. Embora seja conhecedor de
inúmeros problemas, pois tem vida pública longa, conhecedor em profundidade de
inúmeros problemas, não tem o conhecimento técnico de saber mais que os
técnicos do DMAE, saber qual o melhor na taxa ou nos cálculos da água. V. Exa.
quer separar dizendo que se não fosse o Prefeito o DMAE estaria agindo de má
fé. Não concordo.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Aprendi nesta Casa uma lição importante: é na
discussão dos projetos que se firma matéria de convicção para votar. Evidente
que, em algumas discussões, há excessos e se fere algumas pessoas. Eu,
pessoalmente, quero ressalvar a honorabilidade técnica e profissional do Dr.
Petersen e dos técnicos do DMAE, é a minha posição pessoal, quero ressalvar
aqui também que equívocos existem para serem dissipados nesta Casa. Se alguém
comete alguns excessos por excessivas agressividades, isto faz parte do
componente emocional de cada um. Mas, devo dizer a V. Exa. que a democracia se
faz com paciência e sabendo perdoar algumas coisas. Como eu sei que o nobre
Vereador é bondoso e fraternal, saiba que se alguém faz algumas acusações com
excesso, com uma alta agressividade, V. Exa. deve saber perdoar porque todos
nós cometemos equívocos e enganos.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Muito obrigado Vereador, o
aparte de V. Exa. se inseriu muito bem no meu pronunciamento e concluo dizendo
que se existe um Departamento Municipal de Água e Esgoto, há muitos anos
funcionando dentro da cidade de Porto Alegre, de muito bom efeito que CORSAN
quis absorvê-lo em determinado momento e ali estão as tabelas. O Ver. Wilton
leu, ainda comprovando que apesar de todas diatribes contra o DMAE o
porto-alegrense paga menos que a CORSAN o que é uma vantagem para nós
porto-alegrenses.
Então, se estes técnicos que a mim merecem o maior respeito, porque o
DMAE não é deles e há muito tempo que os técnicos estão lá, mandam um projeto
para Casa consubstanciado numa alteração, eu pessoalmente opto pelo projeto do
DMAE, Executivo e respeitando o Ver. Hermes Dutra, mas acho, que o seu projeto
neste momento não é recomendável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário
que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de quorum.
(O Sr. 3º Secretário procede à chamada dos Srs. Vereadores.)
O SR. 3º SECRETÁRIO: Há 12 Vereadores presentes,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo quorum, declaro
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 16h47min.)
* * * * *